How does your body know you're full? - Hilary Coller

Tradutor: Marco Bacelo Revisora: Margarida Ferreira

A fome agarra-se à tua barriga rezingona.

Ela puxa os teus intestinos, que começam a retorcer-se,

tensos com fome.

Estar com fome cria uma sensação física poderosa, muitas vezes desagradável

que é quase impossível de ignorar.

Depois de te empanturrares com as panquecas matinais,

começas a sentir uma força oposta, enfartamento,

mas como é que o teu corpo sabe quando estás cheio?

A sensação de enfartamento começa quando a comida passa pela boca

e desce pelo esófago.

Quando cai no estômago, ela gradualmente enche o espaço.

Isso leva a parede muscular envolvente a esticar-se,

expandindo-se lentamente como um balão.

Uma multitude de nervos intrinsecamente envoltos na parede do estômago

apercebem-se da dilatação.

Eles comunicam com o nervo vago, com o tronco cerebral e com o hipotálamo,

as partes principais do cérebro que controlam a ingestão de alimentos.

Mas esta é apenas uma das formas de o cérebro se aperceber que estás cheio.

Afinal de contas, se encheres o estômago com água,

não te vais sentir cheio por muito tempo.

O cérebro também tem em conta os mensageiros químicos

sob a forma de hormonas produzidas pelas células endócrinas

presentes no sistema digestivo.

Estas respondem à presença de nutrientes no intestino e corrente sanguínea,

que aumentam gradualmente à medida que digeres a comida.

Quando as hormonas se infiltram, elas são arrastadas pelo sangue

e acabam por chegar ao hipotálamo, no cérebro.

Mais de 20 hormonas gastrointestinais envolvem-se em moderar os nossos apetites.

Um exemplo é a colecistoquinina,

que é produzida em resposta à comida por células no intestino delgado superior.

Quando chega ao hipotálamo,

causa uma redução da sensação de gratificação

que sentes quando comes.

Quando isto acontece, a sensação de saciedade começa a surgir

e tu paras de comer.

A colecistoquinina também abranda o movimento da comida

desde o estômago até aos intestinos.

Isso faz o estômago esticar mais durante um certo tempo,

permitindo que o corpo registe que estás a ficar cheio.

É por isso que, quando comes devagar, sentes-te mais cheio

em comparação a quando consomes comida à velocidade da luz.

Quando comes depressa, o corpo não tem tempo de saber como é que se encontra.

Quando os nutrientes e as hormonas gastrointestinais estão no sangue,

elas estimulam o pâncreas a libertar insulina.

A insulina estimula as células gordas a criarem outra hormona chamada leptina.

A leptina reage com recetores em populações neurónicas no hipotálamo.

O hipotálamo tem dois grupos de neurónios importantes para a nossa sensação de fome.

Um grupo produz a sensação de fome ao criar e libertar certas proteínas.

O outro grupo inibe a fome através do seu próprio grupo de compostos.

A leptina inibe os neurónios do hipotálamo que controlam o consumo de comida

e estimula os neurónios que o suprimem.

Nesta altura, o corpo alcançou o seu pico de saciedade.

Através da troca constante de informação entre hormonas,

o nervo vago,

o tronco cerebral,

e as porções distintas do hipotálamo,

o cérebro recebe o sinal de que já comeste o suficiente.

Investigadores descobriram

que algumas comidas produzem uma saciedade mais longa do que outros.

Por exemplo, classifica-se batatas cozidas

como uma das comidas que mais saciam a fome,

enquanto os "croissants" são particularmente insatisfatórios.

Em geral, alimentos com mais proteínas, fibras e água

tendem a controlar a fome durante mais tempo.

Mas sentir-se cheio não durará sempre.

Ao fim de umas horas, o intestino e cérebro começam a conversar de novo.

O estômago vazio produz outras hormonas, como a grelina,

que aumenta a atividade das células nervosas

que causam fome, no hipotálamo.

Por fim, desperta a besta crescente da fome.

Felizmente, há um antídoto seguro para isso.