When will the next ice age happen? - Lorraine Lisiecki

Tradutor: Margarida Ferreira Revisora: Mafalda Ferreira

Há 20 mil anos,

a Terra era uma paisagem gelada onde vagueavam os mamutes.

Enormes placas de gelo, com milhares de metros de espessura

envolviam partes da América do Norte, da Ásia e da Europa.

Costumamos chamar-lhe a "Idade do Gelo".

Mas os geólogos chamam-lhe o Último Máximo Glacial,

porque é a época mais recente

em que o gelo atingiu uma extensão tão grande

e "idade do gelo" é um termo informal sem uma definição consensual.

Nos últimos milhões de anos,

ocorreram cerca de 10 máximos glaciais diferentes.

Ao longo da história da Terra, o clima tem variado imenso.

Durante centenas de milhões de anos,

o planeta não teve calotas polares.

Sem este gelo, o nível do mar tinha mais 70 metros de altura.

No outro extremo, há cerca de 700 milhões de anos,

a Terra ficou quase totalmente coberta de gelo,

durante aquilo que ficou conhecido por "Terra Bola de Neve".

O que é que provoca estas enormes alterações no clima do planeta?

Um dos principais motivos é o dióxido de carbono da atmosfera,

um gás com efeitos de estufa que retém o calor.

Processos naturais, como o vulcanismo,

a erosão química das rochas,

e o sepultamento de matéria orgânica

podem causar enormes alterações no dióxido de carbono

quando continuam durante milhões de anos.

Durante os últimos milhões de anos,

o dióxido de carbono manteve-se relativamente baixo

e os repetidos máximos glaciais

foram causados por ciclos no movimento da Terra em volta do Sol.

À medida que a Terra gira,

oscila sobre o seu eixo e a sua inclinação vai mudando,

alterando a quantidade de luz solar

que atinge as diversas partes da superfície.

Estas oscilações, aliadas à órbita elítica do planeta

fazem variar as temperaturas do verão

consoante o solstício de verão ocorre

quando a Terra está mais perto ou mais longe do Sol.

Em cada 100 000 anos, aproximadamente,

estes fatores alinham-se e criam condições muito mais frias

que duram milénios.

Os verões mais frios não aquecem suficientemente

para derreter a neve do inverno anterior,

e o gelo vai-se acumulando, ano após ano.

Estas placas de gelo produzem um arrefecimento adicional,

refletindo para o espaço mais energia solar.

Simultaneamente, as condições mais frias transferem dióxido de carbono

da atmosfera para o oceano,

provocando um arrefecimento maior e a expansão de glaciares.

Há cerca de 20 000 anos, esta tendência inverteu-se,

quando as alterações na órbita da Terra aumentaram a luz solar do verão

sobre as gigantescas placas de gelo e elas começaram a derreter-se.

O nível do mar subiu 130 metros

e o dióxido de carbono libertou-se do oceano e regressou à atmosfera.

Pela análise do pólen e dos fósseis marinhos,

os geólogos afirmam que as temperaturas atingiram o máximo há 6000 anos,

antes de uma nova alteração da órbita da Terra ter provocado novo arrefecimento.

Então, o que virá a seguir?

Com base no repetido ciclo natural observado no registo climático,

seria de prever que a Terra continuaria uma tendência de arrefecimento gradual

durante os próximos milhares de anos.

Mas este arrefecimento inverteu-se bruscamente há 150 anos.

Porquê?

O nível de dióxido de carbono na atmosfera tem vindo a aumentar desde o século XIX,

quando aumentou o uso dos combustíveis fósseis.

Sabemos isso pelo estudo de bolhas de ar, apanhadas no gelo antártico.

Este aumento do dióxido de carbono também coincide

com um aumento global da temperatura de quase um grau Celsius.

Os núcleos do gelo e as estações de monitorização atmosférica

mostram que os níveis do dióxido de carbono

estão a subir mais depressa e a atingir níveis mais altos

do que em qualquer altura dos últimos 800 000 anos.

Os modelos informáticos preveem um aumento da temperatura

de um a quatro graus Celsius, até 2100,

consoante a quantidade de combustíveis fósseis que queimemos.

O que é que isso significa atualmente, na Gronelândia e na Antártida?

As alterações climáticas passadas sugerem

que a mais pequena alteração no aquecimento

pode iniciar o processo da fusão do gelo que continue durante milhares de anos.

Prevê-se que, no final do presente século,

a fusão do gelo aumente o nível do mar entre 30 a 100 centímetros,

o suficiente para ter impacto em muitas cidades costeiras

e em países em ilhas.

Se um aquecimento de quatro graus Celsius persistir durante milénios,

o nível do mar pode subir até aos 10 metros.

Estudando os climas do passado,

os cientistas aprendem mais sobre o que motiva as mudanças no gelo

que modelaram o nosso planeta durante milhões de anos.

A investigação sugere que, se agirmos já,

para reduzir rapidamente as emissões de dióxido de carbono,

ainda temos a possibilidade de abrandar a perda do gelo

e salvar as comunidades costeiras.

Se gostaram de ver este vídeo,

temos uma pergunta a fazer.

Achas que és demasiado jovem para afetar a alteração climática?

Se assim é, não concordamos contigo.

Todos estes estudantes, no nosso programa dos Clubes TED-Ed

estão a falar sobre isso e a tomar medidas

para lutar por um planeta saudável e habitável.