When will the next ice age happen? - Lorraine Lisiecki

Tradutor: Daniela Matus Revisor: Maricene Crus

Há 20 mil anos,

a Terra era um lugar frio onde mamutes lanosos viviam.

Enormes placas de gelo, com milhares de metros de espessura,

revestiam partes da América do Norte, Ásia e Europa,

popularmente conhecida como a Era do Gelo.

Mas os geólogos a chamam de o Último Máximo Glacial.

Isso porque é a era mais recente que gelo atingiu uma área muito extensa,

e "Era do Gelo" é um termo informal sem uma simples definição estabelecida.

Durante os últimos milhões de anos,

houve, praticamente, cerca de dez diferentes períodos glaciais.

Ao longo da história da Terra, o clima variou muito.

Por centenas de milhares de anos, o planeta não tinha calotas polares.

Sem esse gelo, o nível do mar era 70 metros superior.

No outro extremo, há cerca de 700 milhões de anos,

a Terra ficou quase totalmente coberta de gelo

durante um evento conhecido por "Terra bola de neve".

Então, o que causa essa oscilação imensa no clima do planeta?

Um dos principais condutores da atmosfera é o dióxido de carbono,

um gás do efeito estufa que retém calor.

Processos naturais como vulcanismo,

desgaste natural químico,

e a queima de matéria orgânica,

podem causar enorme diferença no dióxido de carbono

quando continuam por milhões de anos.

Ao longo dos milhares de anos, o dióxido de carbono tem ficado relativamente baixo,

e repetidos períodos glaciais

têm sido causados por ciclos do movimento da Terra ao redor do Sol.

Enquanto a Terra gira,

ela balança seu eixo e essas mudanças de inclinação,

alteram a quantidade de luz solar que vai para cada parte da superfície.

Essas oscilações, combinadas com a órbita elíptica do planeta,

fazem com que as temperaturas variem dependendo se o solstício de verão

ocorre quando a Terra está próxima ou distante do Sol.

A cada 100 mil anos aproximadamente,

esses fatores se alinham para criar condições frias para o próximo milênio.

Verões frescos que não são quentes o suficiente para derreter a neve

faz com que o gelo se acumule ano após ano.

Essa camada de gelo produz resfriamento adicional

refletindo mais energia solar de volta para o espaço.

Simultaneamente, condições de resfriamento transferem dióxido de carbono

da atmosfera para o oceano,

causando ainda mais resfriamento e expansão das geleiras.

Aproximadamente 20 mil anos atrás,

essas tendências inverteram quando as mudanças na órbita da Terra aumentaram

a luz solar do verão e as gigantescas camadas de gelo começaram a derreter.

O nível do mar subiu 130 metros

e dióxido de carbono foi lançado do oceano de volta à atmosfera.

Ao analisar pólen e fósseis marinhos,

geólogos podem dizer que as temperaturas atingiram o auge cerca de 6 mil anos atrás

antes que outra mudança na órbita da Terra causasse mais um resfriamento.

Então, o que vem a seguir?

Com base no ciclo repetitivo visto no registro climático,

normalmente esperamos que a Terra continue com o resfriamento gradual

pelos próximos milhares de anos.

No entanto, esse resfriamento se reverteu cerca de 150 anos.

Por quê?

O nível de dióxido de carbono da atmosfera têm crescido desde o século 19,

quando o uso de combustíveis fósseis aumentou.

Sabemos disso estudando as bolhas de ar que ficam presas na Antártida.

Esse aumento de dióxido de carbono também coincide

com o aumento da temperatura global de quase 1 °C.

Núcleos de gelo e estações de monitoramento atmosférico

nos mostram que os níveis de dióxido de carbono aumentam rapidamente

para níveis mais altos,

do que qualquer ponto nos últimos 800 mil anos.

Os computadores preveem um aumento de 1 a 4 °C até 2100,

dependendo de quanto combustível fóssil adicional nós utilizaremos.

O que isso significa para o gelo na Groenlândia e Antártida?

Mudanças climáticas passadas sugerem que mesmo uma pequena mudança

pode começar o processo de degelo que continuará por milhares de anos.

Até o final desse século,

o degelo deverá aumentar o nível do mar de 30 a 100 cm,

o suficiente para impactar várias cidades costeiras e nações insulares.

Se um aquecimento de 4 °C persistir por vários milênios,

o nível do mar pode subir em até 10 metros.

Ao estudar climas passados,

cientistas aprendem sobre o que impulsiona as mudanças no gelo

que moldaram nosso planeta por milhões de anos.

Pesquisas sugerem que, se agirmos agora

para reduzir emissões de dióxido de carbono rapidamente,

ainda temos oportunidade de reduzir perda do gelo e salvar cidades costeiras.