The surprising reasons animals play dead - Tierney Thys

Tradutor: Nicole Pitthan Revisor: Maricene Crus

Imagine que você está sendo atacado por um predador furioso.

Sem nenhuma chance de escapar,

você faz o que qualquer gambá corajoso faria:

fica parado em um estado chamado catatonia,

coloca sua língua para fora, baba,

e solta um líquido fedorento pelas suas glândulas anais.

Enojado, seu atacante o solta,

decide que você não é um bom jantar,

e vai embora.

Depois de 10 minutos, você acorda e continua andando.

De lêmures a lagartos,

de formigas a anfíbios,

de tubarões a galinhas,

centenas de animais fingem estar mortos para sobreviver.

Conhecido como "brincar de gambá" por causa de seu melhor ator,

fingir estar morto também é chamado tanatose,

que vem de Tânato, a personificação da morte na mitologia grega.

Mas muitos cientistas chamam isso de imobilidade tônica, ou IT.

Como e por que a IT acontece depende de cada espécie e situação.

Expelir cheiros e adotar posturas estranhas são os mais frequentes.

Outros animais sacrificam seus vizinhos:

codornas que paralisam enquanto outras correm descontroladas

tem melhores chances de sobreviver quando perseguidas por um gato.

Falando de gatos, as mães felinas podem apertar a nuca de seus filhotes

e induzir um tipo de imobilidade chamada "clipnose".

Ela mantém os filhotes quietos para serem transportados.

Muitos dos mecanismos psicológicos que estão por trás desse comportamento

se originam no sistema nervoso parassimpático,

responsável por controlar os ciclos de descanso e digestão.

Em gambás,

o sistema nervoso parassimpático diminui os batimentos cardíacos pela metade,

a respiração em um terço,

e a temperatura corporal em meio grau Celsius por até uma hora.

O neurotransmissor dopamina também atua nesse processo.

Os bichos-da-farinha com baixos níveis de dopamina fingem estar mortos mais vezes

do que aqueles com altos níveis,

e qualquer coisa que bloqueie o sítio receptor da dopamina prolonga a catatonia.

Mas fingir estar morto não é fácil.

Seus intérpretes estão constantemente procurando nos arredores

por sinais de quando é seguro se levantar.

As galinhas, por exemplo, podem sentir quando um predador está observando.

Quando os pesquisadores usaram um falcão empalhado em um experimento,

as galinhas saíram do estado de catatonia

quando o olhar do falcão estava distante.

Outros animais não usam o IT como defesa.

Quando o ciclídeo sente fome,

ele afunda no leito do lago e fica parado,

a sua coloração manchada o faz parecer uma carcaça apodrecida.

Se um carniceiro investigar, o trapaceiro morto-vivo ataca.

Alguns animais também fingem estar mortos como uma atração sexual.

Certas aranhas machos oferecem presentes de insetos embrulhados em seda

na esperança de flertar com as fêmeas.

Mas essas fêmeas são conhecidas por se alimentarem dos machos.

Se fingirem estar mortos enquanto as fêmeas devoram seu aperitivo,

os machos podem acordar com cautela

e aumentar suas chances de um acasalamento bem-sucedido.

O IT pode funcionar a favor dos animais, a não ser que alguém conheça seu segredo.

Orcas californianas podem girar tubarões brancos jovens,

induzindo o IT por tanto tempo, que os tubarões imobilizados

morrem sufocados por não se moverem para respirar.

Os humanos também induzem o IT em tubarões.

Acariciando o focinho eletricamente sensitivo

e girando-o delicadamente,

os pesquisadores podem induzir o IT por até 15 minutos.

Tempo suficiente para etiquetá-lo,

remover ganchos,

e fazer cirurgias.

No entanto, há alguns riscos:

dificuldade respiratória e hiperglicemia, um sinal de estresse.

Então essa técnica só deve ser usada quando necessária.

Os humanos experimentam o IT quando paralisam de medo.

O reconhecimento dessa forma de autodefesa involuntária e antiga

tem importantes repercussões quando se tenta entender

por que algumas vítimas não fogem ou lutam em situações de perigo.

Então, estudar o IT em animais não humanos

não apenas nos ajuda entender comportamentos estranhos,

mas também nos ajuda entender as nossas,

algumas vezes contraditórias,

respostas à violência.