Who built Great Zimbabwe? And why? - Breeanna Elliott

Quem criou o Grande Zimbabué? E porquê? — Breeanna Elliott

Tradutor: Margarida Ferreira Revisora: Isabel Vaz Belchior

Estendendo-se por uma extensão salpicada de árvores no sul da África,

ficam as magníficas ruínas do Grande Zimbabué,

uma cidade de pedra medieval de uma riqueza e prestígio fantásticos.

Situada no atual país do Zimbabué,

é o local das maiores ruínas populacionais na África subsaariana,

só ultrapassadas no continente pelas pirâmides do Egito.

Mas a história desta cidade está envolvida em controvérsia,

definida por décadas de disputas sobre quem a construiu e porquê.

O nome provém da palavra shona "madzimbabwe",

que significa casarão de pedra

dadas as suas gigantescas paredes de pedra que atingem quase 10 metros de altura

e percorrem um comprimento de cerca de 250 metros.

Pela sua grandeza e significado histórico

foi declarada pela UNESCO Património Mundial em 1986.

Nos séculos XIV e XV, era uma cidade próspera.

Ocupando uma área de quase oito quilómetros quadrados,

o Grande Zimbabué definia-se em três grandes áreas:

o complexo da colina, onde vivia o rei,

o grande recinto, reservado aos membros da família real

e o complexo do vale, onde viviam os cidadãos comuns.

Os governantes eram poderosos líderes, económicos e religiosos, da região.

No auge do seu esplendor,

a cidade tinha uma população urbana fervilhante de 18 000 pessoas

e era um dos principais centros comerciais africanos da época.

O que possibilitou este crescimento foi o papel influente do Grande Zimbabué

numa rede de comércio intercontinental.

Interligada a várias cidades-estado importantes

ao longo da costa suaíli da África Oriental,

fazia parte das grandes rotas comerciais do Oceano Índico.

A cidade gerava as suas riquezas controlando as origens e o comércio

dos produtos mais apreciados:

o ouro,

o marfim,

e o cobre.

Com este poder mercantil, conseguiu alargar a sua esfera de influência

pelos continentes,

fomentando uma forte presença comercial árabe e indiana, durante todo o seu auge.

Os arqueólogos têm vindo a reunir os pormenores desta história,

através de artefactos descobertos no local.

Encontraram pedaços de cerâmicas e de objetos de vidro da Ásia,

assim como moedas cunhadas na cidade costeira de Kilwa Kisiwani,

a mais de 2500 km de distância.

Também encontraram figuras de aves de pedra-sabão

— que se julga representarem cada um dos governantes da cidade —

e ossos de vitelos, desenterrados apenas perto da residência real,

mostram que a dieta da elite era diferente da dieta da população em geral.

Estas pistas também levaram a teorias sobre o declínio da cidade.

Em meados do século XV,

praticamente só restavam os edifícios do Grande Zimbabué.

Indícios arqueológicos apontam como causa

o excesso de população e problemas sanitários,

em conjunto com o esgotamento dos solos provocado pelo uso excessivo.

Por fim, quando as colheitas diminuíram e as condições da cidade pioraram,

pensa-se que a população do Grande Zimbabué se dispersou

e formou os estados vizinhos de Mutapa e Torwa.

Séculos mais tarde, uma nova fase da influência do Grande Zimbabué

começou a incidir na esfera política,

quando as pessoas discutiam quem tinha construído a famosa cidade de pedra.

Durante a colonização de África pelos europeus,

os funcionários coloniais racistas

afirmavam que as ruínas não podiam ser de origem africana.

Assim, sem um registo escrito pormenorizado disponível,

baseavam-se nos mitos para explicar a magnificência do Grande Zimbabué.

Uns afirmavam que comprovava a história da Bíblia da Rainha do Sabá

que vivia numa cidade cheia de riquezas.

Outros defendiam que tinha sido construída pelos gregos da Antiguidade.

Então, no início do século XX, depois de extensas escavações no local,

o arqueólogo David Randall-MacIver

apresentou indícios claros de que o Grande Zimbabué

tinha sido construído por povos indígenas.

No entanto, o governo colonial de minoria branca, na época,

procurou desacreditar esta teoria

que punha em causa a legitimidade do seu domínio.

Com efeito, o governo encorajou ativamente os historiadores

a produzir relatos que contestavam as origens africanas da cidade.

Com o tempo, porém, foi aumentando um conjunto esmagador de indícios,

identificando o Grande Zimbabué como uma cidade africana

construída por africanos.

Durante os anos 60 e 70,

o Grande Zimbabué tornou-se num símbolo importante

para o movimento nacionalista africano,

que estava a alargar-se a todo o continente.

Hoje, as ruínas do Grande Zimbabué,

a que a bandeira do Zimbabué alude, com uma ave de pedra-sabão,

constituem uma fonte de orgulho nacional e de valor cultural.